segunda-feira, 30 de maio de 2011

Marisa Lajolo. Literatura: leitores e leitura. Devaneios sobre o capítulo treze.

Falando sobre parnasianos, Lajolo imediatamente fala de flagrantes delitos. Num livro que se propõe abordar uma ideia plural de literatura, que não possui uma existência ontológica, mas sim deontológica, falar em delito parece algo num primeiro momento bem suspeito. Porém a ruga da desconfiança logo se desfaz ao término do passeio parnasianístico feito pela autora numa linguagem que nos convida a ousar junto com ela.
Os parnasianos, como de praxe, são-nos apresentado como os supostos poetas do realismo numa saga improfícua de expressar sentimentos sem expressar! Tudo isso em prol de uma linguagem poética em busca do Verdadeiro... Entre os parnasianos a linguagem cresce desproporcionalmente; parece até que engole o próprio poeta para que tudo aquilo que está de fora dele possa surgir vitoriosamente. Entre esses poetas vemos a condição mimética da literatura levada a todas as conseqüências, uma percepção da literatura ainda muito presente em nosso imaginário.
As supostas estrelas da literatura cometeram o delito da supercompreensão. Querer compreender demais o fenômeno literário é um delito? Parece que sim. Em literatura racionalizar demais é delito indubitavelmente. É por isso que Lajolo para nesse momento histórico da literatura, falando em delito. Delito este que irá significar uma queda seriíssima do tão já consolidado conceito literário de mimese.
A partir daí a realidade da literatura será tão questionada a ponto de voltarmos aos parnasianos e encontrarmos leitores envolvidos num suposto feeling de Olavo Bilac. Isso porque a significação provisória de que trata Lajolo, como um novo momento de perceber a literatura, levará leitores e leitura a uma literatura incerta, justamente por estar agora na ideia do provisório. A partir daí a literatura irá viver a incerteza e terá nesse processo a sua própria compreensão.
Assim, temos que atualmente podemos nos atrever a transgredir e partir na busca de um literário inclusive delituoso. Também podemos buscar o literário em lugares insuspeitos, como no texto da própria Lajolo que, através de uma linguagem ousada, tira seu leitor de uma postura científica sisuda e o leva ao lugar dos sentimentos. Sentir na ciência é algo que ainda parece ser proibido. Mas no momento em que a literatura foge, como criança sapeca, do seu quartinho do castigo, ela começa a dar as caras nos lugares que sempre lhe foram vetados e são nesses lugares, onde estão os frutos proibidos, que ela chega mais atrevida e é capaz de mostrar toda a sua potencialidade.
Thais Carvalho Fonseca 
para professora Venúzia

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