terça-feira, 26 de julho de 2011

Esses dias... Amy morta... E aí?

Por esses dias o mundo continuou a girar, assim como ainda vai girar muito, aparentemente, por um bom tempo...
Amy Winehouse morre (de overdose?). A Noruega vive (inesperadamente!) um atentado. Outras coisas acontecem. O Brasil está um desastre no futebol. Nossa política ainda segue religiosamente as regras da corrupção... Será que o jornal tem o poder de mudar nossas vidas ao divulgar tais notícias?
Às vezes, penso que o jornal virou apenas mais uma novela de distração. Momento no qual choramos, rimos e choramos, mas que deixa de existir instantaneamente quando se aperta o botão de desligar a televisão.
Se a vida pesava demais nos ombros de Amy a ponto de ela não conseguir suportar, a vida não se tornará mais leve com o anúncio de sua morte em todos os meios de comunicação, com todos explicando o acontecimento como mais uma artista que não suportou a pressão da fama. Pressão da fama? O mundo da fama é apenas outra droga que o homem social inventou...
E o crime na Noruega? Como explicar isso sem pensar no pessimismo de muitos pensadores sobre o destino da civilização? O homem em seu puro instinto é algo que não desaparece tão facilmente; mesmo porque se reveste de simbologias e até de fetiches humanos. Religião, política, democracia, aqui no Brasil futebol. Esporte que leva pobre para a riqueza. Faz de um cara que lida com bola milionário, para pagar merreca para médico e professor.
Como essas notícias podem mudar a minha vida? Nada parece mudar. No máximo um pensamento rápido, uma crítica mental ou entre colegas, um texto postado no blog e fim. Vejo um monte de gente morta no jornal todos os dias e continuo, inexplicavelmente, me sentido imortal. Continuo tonta...
Estudo, reflito, vou ao cinema, critico o novo filme de Woody Allen. Mas e aí? O que acontece? Ainda vou ao shopping, ando de carro. Reclamo do transporte público com uma amiga pra jogar conversa fora. Leio revista, me impressiono com alguns romances, tenho alguns momentos de luz, mas a apatia logo me consome.
Ligo a TV novamente. Mais mortes. A corrupção já é assunto normal na boca de qualquer um, imagina no jornal. Ana Maria Braga imita Amy com uma dancinha bizarra.... E aí? É o que sempre me pergunto... Vamos às ruas exigir qualquer coisa que seja? Aqui onde moro não.
Professor, médico e outros profissionais que atendem a população geralmente ganham péssimo. A burocracia do Estado vive bem, obrigada. Cada vez mais pessoas querem fazer concurso para comer uma fatia do bolo da burocracia, para depois pagarem caro para sustentar o sistema futebolístico brasileiro e outros consumismos.
As escolas e hospitais no Maranhão estão um lixo. Temos uma massa de analfabetos de todas as espécies e mortos por desinteria ou falta de atendimento médico mesmo, mas preferimos ficar apenas assistindo à construção de uma avenida de 105 milhões de reais. Uma avenida para comportar mais carros das ricas empresas automobilísticas, satisfazer as classes altas e deixar as propostas para a melhora no transporte público e alternativo para outras vidas.
Mas quem tá a fim de ir à rua, com um nariz vermelho e dizer que não quer ser tratado como palhaço? Os loucos? Vivemos como cachorrinhos com o rabo entre as pernas, aceitando a velha política do Pão e Circo, do chafariz na praça, apesar de todos os nossos estudos, todas as informações que temos acesso e toda a nossa enorme e maravilhosa Democracia.
Viva a apatia!
Nosso blá,blá,blá vale mais que qualquer atitude compromissada que alguém possa ter. Os loucos da ação têm seus lugares já bem demarcados pelos apáticos da nossa sociedade.
Todos esses dias... Amy morta...
E aí?
É gente que foge do Líbano para vim se refugiar na Democracia brasileira que sustenta uma guerra civil nas favelas apenas para viver uma ilusão de paz... Paz? Tenho medo de sair da minha própria casa para ir na esquina comprar pão... E olha que nem moro numa favela.
O Brasil perdeu 4 pênaltis... E aí? Eu choro por causa disso? Talvez sim. Isso sim é a vergonha da vez. O resto é a besteira de sempre...
Esses dias... Amy morta... O peso da vida.... A apatia... Quem será que está morta, eu ou Amy? Ela cantou... e eu? Ninguém escuta minha voz... é o mesmo que não existir... Assim como tudo que passa no jornal... não tem voz... é só história... Nada muda...
A terra gira hoje e amanhã para os que acham que a Terra tem que girar sempre.

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