domingo, 15 de fevereiro de 2009

Resumo de "Dois Irmãos" , Milton Hatoum


Os gêmeos Omar e Yakub protagonizam o miraculoso romance em tela, que trata da estória dos dois irmãos e seus conflitos, no seio de uma típica família amazonense no período da ditadura militar.

Halim e Zana, imigrantes árabes, se conhecem no Amazonas do início do séc. XX. Ele, um aventureiro, consegue conquistar o coração da filha do comerciante Galib através de belos gazais. O casamento não tardou e os filhos também não. Halim não os queria tão cedo, pois sonhava com uma eterna lua de mel com a amada. Esta, porém, desejava intensamente a maternidade para suprir a dor da perda de seu pai que logo após o seu matrimônio viajara para o Líbano e lá falecera. Sua meta em menos de dois foi alcançada e vieram os gêmeos Yakub e Omar.

Yakub foi o primeiro, forte e saudável. Omar, o caçula, quase morre no parto, nascendo fraco e debilitado. A mãe não dispensou cuidados ao enfermo durante a primeira infância, criando um vínculo afetivo forte com a criança. Yakub foi deixado de lado, aos cuidados da cunhantã da casa, a Domingas. A diferença de tratamento de Zana em relação aos gêmeos será o mote de intensos conflitos da trama. O amor de Zana, monopolizado em Omar, gerará um desequilíbrio familiar extremamente verossímil. Halim se sentirá desprezado e esquecido como amante. Yakub odiará o filho preferido da mãe. Domingas sofrerá com a personalidade mimada de Omar. Rânia, a filha do casal após os gêmeos, se unirá à mãe em sua devoção por Omar e o coloca no lugar de suas desilusões amorosas, jamais conseguindo se casar com alguém.

O conflito entre os gêmeos inicia quando ambos ainda eram crianças. Os dois dividiam um amor pueril por uma vizinha, a Lívia, que acaba optando por Yakub. Omar acostumado com a preferência e mimo da mãe, não aceita a perda e, com um material cortante, produz uma enorme cicatriz no rosto do irmão, a marca eternizada do ódio entre os gêmeos. Halim decidiu mandar os filhos para o Líbano, longe das disputas do amor materno. Porém, Zana se recusou prontamente que Omar fosse, afirmando que o filho morreria. Yakub jamais esquecerá tal abandono, a ida ao Líbano foi uma das piores fases de sua vida.

O retorno de Yakub à Manaus marcará uma nova fase em sua vida. Tímido e recluso, o primogênito começará a estudar com afinco, indo, ao final dos estudos, ganhar a vida em São Paulo, tornando-se um renomado engenheiro. Zana se orgulha do filho doutor, porém o amor que ela devota a Omar não é superado por nada, nenhuma conquista dos outros filhos a afeta como o faz Omar, nem de Yakub, nem de Rânia que se torna uma exímia comerciante, assumindo os negócios do pai. Zana viveu para cuidar, mimar e amar unicamente à Caçula. Recebendo-o em suas noites de bebedeira, dando-lhe chás e remédios para ressacas. Cuidando das feridas, hematomas e resfriados de suas noites de boêmio, e dando-lhe dinheiro para que vivesse e curtisse a sua vida com putas e festas, permitindo, inclusive, que ele abandonasse os estudos.

Halim nunca teve sua amada de volta. O centro da casa era Omar e suas peripécias. O pai odiava e tinha ciúmes do filho. O caçula da mamãe não tinha limites. Sentia-se a vontade para fazer qualquer coisa. Zana o cercava de tal maneira que conseguiu impedi-lo de ir embora com uma bela dançarina com a qual pretendia se casar. O pai ainda tentou mandá-lo para São Paulo na esperança de que Caçula seguisse os passos do irmão. Nada adiantou. Omar, em São Paulo, praticou a ousadia de roubar de seu irmão dinheiro e passaporte para conhecer a América do Norte, além disso, profanou as fotos do casamento de Yakub ao descobrir que ele se casara com Lívia as escondidas

Halim não se conformava com o comportamento de Omar, porém, ainda sim, o recebeu de volta, pois amava Zana e faria qualquer coisa que ela pedisse. Omar voltou com todas as regalias que sempre teve e para a grande felicidade da mãe, mas outra mulher viria tirar o sossego de Zana: a Pau-Mulato. Ela foi a segunda mulher pela qual Omar se apaixonou e por ela foi capaz de sair de casa. Todavia, a mãe não permitiria. Perseguiu o filho cheia de ciúmes e despeito, trazendo-o de volta ao ninho materno; o caçula era apenas um pobre covarde, dizia Halim. Depois desse episódio Omar enlouquece ou apenas finge ser doido, dando uma de jardineiro desengonçado, até que o pai morre.

Após a morte de Halim, Zana percebe os anos que perdeu adulando Omar e desprezando seu marido. Passa então a buscar uma conciliação entre os gêmeos, mas tudo foi improfícuo. Omar enciumado espanca Yakub, quando ele vem a Manaus, por pedido de sua mãe, participar do empreendimento da construção de um hotel junto com o irmão. O engenheiro assustado foge as pressas com medo de ser morto por Omar. A mãe dos gêmeos passou a desprezar Yakub, acreditando que este havia abandonado a tentativa de conciliação. Zana morre acreditando que o Caçula era o filho que amava; desprezou Yakub por seu ato. Este esperou a mãe morrer para concretizar seu plano de vingança.

Yakub faz contatos com amigos militares e manda prender Omar, acusando-o de agressão e envolvimento com um “transgressor da ordem”, fazendo ligação entre Caçula e o prof. Laval, que morrera a pouco e ganhou uma homenagem pública de Omar. Rânia despreza o irmão por seu ato de vingança e faz de tudo para tirar Omar da cadeia. Este cumpre quase dois anos de pena e depois cai no mundo.

Rânia quer abrigar Omar, mas ele despreza tal proteção, e num ato de desespero regressa a antiga casa que já não existia mais. Apenas os fundos dela fora mantido, a pedido de Yakub, para abrigar Nael. Omar o olha e não diz nada, vai embora e nunca mais é visto. Nael só queria que ele lhe pedisse perdão. Filho de Omar e narrador desta intrigante estória, Nael foi um fruto de um estupro de Omar a Domingas, a pobre cunhantã da casa que havia gerado um “filho de ninguém”

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