sábado, 7 de março de 2009

Campanha da fraternidade 2008


LEMA: ESCOLHE, POIS, A VIDA (Dt 30,19).
“Hoje eu tomo o céu e a terra como testemunhas contra vocês: eu lhe propus a vida ou morte, a benção ou maldição. Escolha, portanto, a vida, para que você e seus descendentes possam viver, amando a Javé seu Deus, obedecendo-lhe e apegando-se a ele, porque ele é a sua vida e o prolongamento de seus dias. Desse modo você poderá habitar sobre a terra que Javé juro dar a seus antepassados Abraão, Isaac e Jacó”.
TEMA: FRATERNIDADE E DEFESA DA VIDA.

A Campanha da Fraternidade 2008 não consiste em nenhuma novidade. Quem acompanhou o histórico de nossas campanhas deve ter percebido que A VIDA foi, por diversas vezes e nos mais variados prismas, alvo de nossas discussões. Retornar a este tema nos faz pensar que ainda há muito a se conquistar e nós precisamos avançar.
Defender a vida nada mais é do que escolher aquilo que, para nós cristãos, seria o bom. Poderíamos nos questionar: “Ora, quem não quer a vida?” Em regra as pessoas amam a vida e querem viver. Porém mal sabemos o quanto nós atentamos contra esse precioso Dom de Deus. Esse problema situa-se principalmente no grande desafio que a igreja hoje possui: destruir a força das leis capitalistas através do respeito às leis de Deus. Se pensarmos no capitalismo, poderemos definir o grande alvo da CF/08 e de tantas outras campanhas.
Nós queremos combater o aborto, a pobreza, defender a família, acabar com a violência e o trabalho infantil. Queremos o respeito ao amor, aos costumes, aos idosos. Buscamos a paz, a felicidade e a igualdade. Porém o que nós fazemos? Assistimos à missa, criticamos o governo e debatemos o assunto em rodas de conversa. Não percebemos que trabalhamos como loucos para ter coisas, que toda nossa luta, nosso estudo, nosso suor visam comprar coisas e dar coisas aos nossos filhos. Não temos tempo para conversar, para rir com nossos amigos e família, pois o mundo é competitivo, o tempo corre e é dinheiro. Para que parar para sentir algo se isso não me dará coisas? Essas coisas acabam rápido, pois são descartáveis, precisamos sempre trabalhar mais e por mais tempo senão ficaremos sem nossas preciosas coisas.
Como poderemos ser contra o aborto, se inúmeras garotas condenadas a se prostituir, que vivem a margem da pobreza, não têm condições nem de amamentar seus filhos? Simplesmente porque o capitalismo prefere entender a saúde como um bem de consumo e a pobreza como um fruto daqueles que não querem trabalhar. Temos que lutar contra a prática do aborto sim, mas, para isso, devemos estender a mão para a mãe que mal consegue defender a própria vida.
Como queremos combater a violência se passamos grande parte de nossas vidas ajudando no crescimento deste mal? Nos limitamos, muitas vezes, a termos medo e culparmos as autoridades. Porém incentivamos de maneira desproporcional nosso carnaval e nosso futebol; para pagarmos escolas e faculdade privadas para nossos filhos, contribuindo para sucatear a educação pública que atende grande parte da população.
Nos consideramos cidadãos e só sabemos sorrir da corrupção.
Sonhamos com o fortalecimento das famílias, base de uma possível sociedade mais estável, porém transformamos nossas relações em algo descartável como tudo que consumimos. Ser feliz hoje, para muitos, é algo estritamente pessoal, interno e privado; o outro nada tem que ver com a minha felicidade. Preferimos bater papo na Internet e conversar com a televisão, ao invés de dialogar com nossos pais e filhos.
É meu irmão... Quem não chorou pela brutal morte do menino João Helio? Acredito que todos aqui. Porém paramos para pensar na vida dos jovens, dos garotos que cometeram tal crime? Será que não devemos acreditar que somos os responsáveis por este acontecimento criminoso? Aqueles jovens nada mais são do que o fruto de uma sociedade perversa. Uma sociedade que prefere investir em pesquisas cientificas para desenvolver cosméticos sofisticados, ao invés de matar a fome daquele que por estado de necessidade vai preso por roubar um saco de feijão.
Será que a proposta da CF/08 é obvia? Será que lutamos sempre pela vida? Acho que não. Uma sociedade que precisa de leis para respeitar seus idosos não pode ser considerada uma sociedade que defende a vida. Uma constituição que tem por principio a defesa da vida, mas que precisa esclarecer detalhadamente e, ainda sim, de maneira limitada do ponto de vista da eficácia legislativa, só pode ser reflexo de uma sociedade pouco consciente de seus direitos fundamentais e da dignidade humana. E é por isso que a igreja vem nos dizer ESCOLHE, POIS, A VIDA.
Nós não estamos optando pela vida. Nós não queremos servir a igreja gratuitamente (não há tempo para isso). Nós só sabemos criticar nosso irmão. Não buscamos construir por iniciativa própria uma igreja para Cristo, pois consideramos que isso não é nossa função; é função dos outros. Achamos que a igreja é uma das grandes responsáveis pela luta dos direitos dos oprimidos, no entanto não fazemos nada para tal, sendo que nós é que somos a igreja.
Esquecemos que ter misericórdia de nossos irmãos financeiramente desfavorecidos. Achamos natural uns terem mais e outros terem menos e consideramos a esmola que damos algo digno de louvores. Não meu irmão. Não acredito que seja isso o que Deus quer de nós. Ele quer que possamos escolher a vida, desde o seu nascimento até o dia da morte. Todos nós queremos optar pela vida, só precisamos tomar consciência que é por ela e através dela que devemos agir.
Para encerrar gostaria de falar sobre um dos pontos mais controversos do tema: o meio ambiente. Esta campanha tem também por uma de suas metas a defesa do meio ambiente. A igreja mais uma vez quer abrir os nossos olhos de que mesmo neste ponto nós não estamos escolhendo pela vida. Não conseguimos optar pelo ônibus e deixar o carro na garagem, não há tempo. Não conseguimos parar de consumir, ficar com o mesmo carro, o celular ou roupa por pelo menos um ano... Não separamos o lixo ou fazemos reciclagem, isso quando há um lixo coletado. As empresas fazem da defesa do ambiente um marketing; a proteção da natureza que era um grande empecilho ao capitalismo se transformou em um mecanismo para o incentivo ao consumo. É por isso que nós precisamos de consciência, pois escolher pela vida já é vontade de todos.

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